
E então, há um tempo atrás queria um amor, talvez eu já amasse, há muito mais tempo e não soubesse. Queria um amor, mas não era um amor qualquer, não estava com o coração aberto para conhecer alguém, eu já conhecia, por fora e talvez um pouco por dentro. Queria um amor que eu já sabia nome e sobrenome, já estava ali pronto e por perto. De longe, sabia de tudo, de como era, mas quando se aproximava, parecia que eu viria a ter um surto de amnésia, me derretia, como manteiga em pão quente. Queria um amor de filme, um romance, com direito a flores, e muitas lagrimas, estilo aquele que a gente senta pra assistir e nos enxergamos na tela, como um sonho. Seria possível, mas há pessoas e pessoas, e tem gente que de cara a gente vê que nunca (nunca diga nunca, mas..), ou que parece obvio que nunca conseguirão viver ou fazer isso acontecer. Acontece que não tem perfil, não tem estilo, ou sei lá, (talvez pra isso não precise de perfil, estilo, o requisito mínimo é um coração batendo dentro do peito.) não poderia julgar pela aparência, e também pelas coisas que diz, mas o faz justifica meu julgamento, talvez precipitado. Nem tudo o que as pessoas expressam, é o que realmente elas são. Talvez diante de um rosto fechado, uma expressão meio dura, pra esta vida que é tão linda (por dias.). Se formasse um sorriso muito tímido, porém lindo, talvez um sorriso sincero, e tornando-o muito mais apaixonante e amável. Talvez a maneira tímida de ser, me fizesse curiosa,o modo reservado, falando pouco, mas pouco esse que me satisfazia, até eu querer saber um pouco mais, arrancar mais algumas palavras, de alguém tão sério, e que parecia ser tão frio. Quando se abria e falava algumas palavras da própria biografia, parecia não ter medo, nem vergonha. E era o que me encantava, era o que me alucinava, o que me deixava por horas boquiaberta,assistindo-o largar todas aquelas palavras, muitas firmes, mas a maioria sem muita certeza. Com um jeito desajeitado, um jeito próprio, e manias e vontades que não se espera de alguém, manias próprias, poucas, mas complicadíssimas. Não sei, era resposta pra quase todas as perguntas que lhe eram feitas. Custava a decidir e se firmar sobre algo ou alguém. E o que era de muita certeza, era explicito,brilhavam os olhos e não tinha com negar o encantamento. E eu sempre encantada, alucinada por tudo, não sou muito de gente que tem dificuldade para decisões, e que muito diz não sei, mas ele podia, porque parecia que tinha mais charme, cada ‘não sei’ me deixava mais encantada, cada vez mais e mais. Eu gostava, mas sabia que uma hora esse não sei, ia me fazer desistir, uma hora essa interrogação dele, ia vir a ser uma exclamação minha, e foi. Não tive paciência nem tempo, de ficar a escuta do não sei, das mudanças repentinas de humor, e das manias e vontades esquisitas. Talvez o encanto por demorar tanto, foi se acabando. A magia já não era mais a mesma,e eu me afastava cada dia mais. Talvez deveria ter esperado mais, mas não consegui, se esperasse mais não seria eu, ou enlouqueceria de curiosidade e tédio, e mesmo que não fosse, esperar eu espero, esperei. Mas não por muito tempo. Tenho uma pressa incontrolável. Não sou de abandonar a canoa quando começa a afundar, mas essa me obrigou, não consegui ir mais longe, mais fundo. Por horas penso que foi o melhor que fiz, por horas não, por dias sinto uma saudade imensa, e por outros nada. Minha saudade passa, minha paciência acabou, meu tempo de espera chegou ao limite, a magia se esvaiu, mas o sentimento ainda não se fragmentou, por dias ele ainda berra por aqui, ainda estica o braço pra eu alcançar minha mão a sua, talvez para eu voltar e viver tudo aquilo que deixei pra trás, por ter uma pressa incontrolável de viver.